Em novembro de 2015, durante a 21ª Conferência das Partes (COP21) da UNFCCC, preocupados com o aquecimento global, quase duzentos países aprovaram o Acordo de Paris, um marco nacional em prol da redução de emissões de gases de efeito estufa na atmosfera. A partir desse dia, debates e estudos sobre a transição energética do planeta começaram a ser prioridade, levando alguns especialistas a conceituar os chamados 5D’s da energia para a substituição elétrica, dos quais trataremos neste artigo. Leia até o final para entender todos os pontos.
Entendendo a transição energética
Como já comentamos em outros artigos aqui do blog, a transição energética é o caminho para a transformação do setor energético global. Com ela, trocamos os sistemas fósseis de produção e consumo de energia, incluindo petróleo, gás natural e carvão, por fontes de energia renováveis, como a eólica e solar, além das baterias de íon-lítio.
Essa mudança pode ser entendida através de três fatores principais:
- Ambiental: leis de preocupações com a preservação e tratados a favor da descarbonização, como a Diretiva (UE) 2018/2001 e o Pacote de Energia Limpa criados pela União Europeia.
- Econômico: criação de soluções alinhadas à Agenda 2030 da ONU e criação de políticas de investimentos públicos em transição energética.
- Social: a junção dos tópicos anteriores fornecem soluções seguras para o clima e benefícios econômicos para as cidades. Além disso, as mudanças nas tecnologias energéticas reformulam também as práticas sociais, valores, relações e instituições, além de gerar novos modelos de negócios e maneiras de aprender e viver.
Perceba que não é algo simples. Essas alterações estão ligadas diretamente a modificar a forma de produzir, distribuir e consumir energia, exigindo inovação em tecnologia, modelos de negócios, segmentos industriais e até relações internacionais. E é justamente por isso, que precisamos encarar essa transição de uma visão 5D. Acompanhe o raciocínio abaixo:
A transição energética no Brasil
Mesmo com os problemas econômicos, sociais e ambientais, o Brasil está há um bom tempo na vanguarda de energia limpa. Segundo dados de 2019 do Balanço Energético Nacional Interativo, nosso país usa 83% de fontes renováveis para a produção de energia, enquanto a média mundial é de 25%.
A questão é que, dessas fontes, 64,9% correspondem às hidrelétricas, usinas sujeitas a gerarem secas e má gestão dos recursos hídricos. Por esse motivo, será necessário pensar em outras alternativas como solução, como as usinas solares, por exemplo.
A seguir, vamos explicar como alguns especialistas enxergam essa transformação no setor elétrico em cenário mundial e nacional, os chamados 5D’s da energia.
Visão através dos 5D’s da energia
Descarbonização
Grande parte do conceito de transição energética gira em torno do primeiro “D”, a descarbonização. Isso porque queremos (e precisamos) substituir as principais fontes de energia que utilizamos hoje, com um alto teor de emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa), por fontes que tenham emissões baixas, nulas e, em alguns casos, negativas.
Inclusive, a energia solar está se tornando uma das melhores opções para a descarbonização. Seu consumo vem tendo um crescimento acelerado em alguns países, incluindo o Brasil.
Para alguns especialistas, esse “D” é o suficiente para explicar a transição. Entretanto, alguns pesquisadores apontam outros dois elementos igualmente importantes para caracterizar essa substituição: a descentralização e a digitalização.
Descentralização
É possível perceber a descentralização da energia quando falamos na disseminação da Geração Distribuída (GD), na qual os módulos fotovoltaicos são os exemplos mais visíveis. Os grandes avanços tecnológicos da área permitem uma nova relação entre produtores e consumidores de energia, são os chamados “prosumidores”, ou seja, consumidores que geram sua própria energia.
O Plano Decenal de Expansão de Energia 2030 (PDE 2030), feito em 2021, mostrou uma expansão significativa da GD, ao mesmo tempo em que houve uma redução da capacidade instalada de fontes de energia não renováveis (carvão, diesel e óleo), um reflexo da descentralização e da descarbonização.
Outro exemplo da descentralização são os Recursos Energéticos Distribuídos (REDs), que abrangem os veículos elétricos, a micro e minigeração distribuídas (MMGD), a produção descentralizada de combustíveis e a energia solar térmica.
Digitalização
Mesmo não sendo um processo específico do setor de energia, a digitalização está presente na constante integração de novas tecnologias digitais. Um exemplo disso é a Internet das Coisas (IoT), o blockchain e o big data, que permitem o acesso à uma maior quantidade de informações e automatização de processos, possibilitando novos estilos de vida e mudanças comportamentais.
Os 3D’s citados acima são os mais usados na hora de explicar a transição energética. Mas, para continuar explicando a transformação energética no Brasil, precisamos incluir outros 2D’s: democratização e desenho de mercado.
Democratização
Um dos grandes desafios do setor será realizar uma transição energética justa e democratizada. Isso porque, com atividades econômicas cada vez mais digitalizadas e uma grande entrada de tecnologias de informação e comunicação, os valores do serviço podem subir, aumentando a possibilidade de que muitos não tenham acesso à energia barata e de qualidade.
Outro fato importante é que descarbonizar uma matriz energética, apesar de possuir seus pontos benéficos, pode significar a perda de regiões inteiras que possuem seu modo de vida e atividades econômicas diretamente ligadas a fontes fósseis de energia. Pois teriam dificuldade de fazer uma rápida adaptação para uma economia com baixa emissão de carbono.
Dessa forma, a transição energética precisa estar vinculada a um novo modelo de desenvolvimento, apoiada a um sistema que promova uma segurança energética, com maior eficiência econômica, responsabilidade ambiental e justiça social.
Desenho de mercado
No geral, o desenho de mercado é um conjunto de regras e procedimentos que fazem o mercado funcionar de forma apropriada. Quando executado de forma correta, é fundamental para garantir que as negociações nos mercados de energia sejam feitas de forma eficiente. Além disso, permite ainda que o investimento em inovações traga uma maior competitividade ao mercado.
De acordo com a epbr, o desenho de mercado adequado para os mercados de energia assegura que suas negociações possam ocorrer de forma eficiente, com uma apropriada alocação de riscos e custos entre agentes.
Além disso, deve facilitar a conexão de mercados atacadistas e varejistas, de modo que o preço ao consumidor final seja adequado à escassez de alguns lugares. Por fim, deve ser flexível e adaptável para incorporar a realidade de novas tecnologias, se ajustando de acordo com a demanda dos consumidores.
A energia solar como uma solução da transição energética
A demanda por energia solar no Brasil vem crescendo continuamente. Já no começo de 2022, o país ultrapassou a marca dos 14 gigawatts (GW) de potência operacional da fonte solar fotovoltaica, (somando as usinas de grande porte e os sistemas de geração própria de energia elétrica em telhados, fachadas e pequenos terrenos) ultrapassando a potência instalada da usina hidrelétrica de Itaipu.
Dados divulgados pela Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar), revelaram que a fonte solar já trouxe ao Brasil mais de R$ 74,6 bilhões em novos investimentos, R$ 20,9 bilhões em arrecadação aos cofres públicos e gerou mais de 420 mil empregos acumulados desde 2012. Foi evitada ainda a emissão de 18,0 milhões de toneladas de CO2 na geração de eletricidade.
De acordo com uma entrevista feita pela revista Exame, o presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR revelou que, atualmente, as usinas solares de grande porte são a sexta maior fonte de geração do Brasil e estão presentes em todas as regiões do País, com empreendimentos em operação em dezenove estados brasileiros e um portfólio de 31,6 GW outorgados para desenvolvimento.
De acordo com ele, trata-se do melhor momento para se investir em energia solar, justamente por conta do novo aumento já previsto na conta de luz dos brasileiros e do período de transição previsto na lei do Marco Legal de Geração Distribuída, que garante até 2045 a manutenção das regras atuais aos consumidores que instalarem um sistema solar no telhado até janeiro de 2023.
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