Energia solar fotovoltaica
5 de fevereiro de 2025

O que o MIT Technology Review Brasil projeta para o futuro da energia solar?

Se tem uma coisa que está mudando radicalmente a forma como consumimos energia no Brasil e no mundo, é a…

Se tem uma coisa que está mudando radicalmente a forma como consumimos energia no Brasil e no mundo, é a energia solar distribuída.

Nos últimos anos, o Brasil viu essa fonte crescer a passos largos, saindo de algo quase experimental para se tornar uma das principais forças da nossa matriz energética. Só para ter uma ideia, a energia solar já representa mais de 21% da matriz elétrica do país e não dá sinais de desaceleração.

Mas o que vem pela frente? Como esse setor vai se transformar nos próximos anos?

O MIT Technology Review Brasil, em parceria com o Energy Summit, lançou um relatório que aponta as tendências mais quentes do setor de energia, e a solar distribuída está no centro dessa revolução. O estudo fala de crescimento acelerado, novos modelos de negócio, inovação tecnológica e os desafios que podem travar essa evolução.

E é sobre isso que vamos falar aqui. Vou te mostrar:

Como está o cenário da energia solar no Brasil e por que a geração distribuída é a protagonista da vez;

✅ As tendências que vão definir o futuro do setor segundo o MIT;

✅ Os desafios que podem atrapalhar esse crescimento (e como podemos enfrentá-los).

Se você trabalha com energia, inovação ou quer entender o futuro desse setor, fica comigo.


O Brasil já é um gigante da energia solar (e a geração distribuída é a estrela do show)

Se há um setor que está crescendo em ritmo acelerado no Brasil, esse setor é o de energia solar. Só para você ter uma ideia, hoje temos 52.191 MW (52,1 GW) de potência instalada, e mais impressionante ainda: 67% disso vem da geração distribuída (GD).

Ou seja, a maior parte da energia solar no Brasil não está nas grandes usinas, mas sim nos telhados, nas empresas, no agronegócio e nas pequenas instalações espalhadas pelo país. Isso muda completamente a lógica do mercado energético.

Os números falam por si (Fonte: ABSOLAR, Jan/2025)

🔹 52.191 MW de capacidade operacional, tornando a solar a segunda maior fonte do país.

🔹 R$ 239 bilhões investidos no setor desde 2012.

🔹 1.536.000 empregos gerados, movimentando a economia.

🔹 Mais de 63,5 milhões de toneladas de CO₂ evitadas, ajudando na descarbonização.

E tem mais: a solar já responde por 12,88% da eletricidade gerada no Brasil em alguns momentos do dia. Isso significa que, em horários de pico, nossa energia já vem, em grande parte, do sol.

Por que a geração distribuída está dominando?

O crescimento absurdo da GD não é por acaso. Algumas razões explicam esse boom:

Queda nos preços dos equipamentos: Nos últimos anos, os custos caíram drasticamente, tornando a energia solar mais acessível para residências e empresas.

Modelos de negócio inovadores: Esqueça o modelo tradicional de “comprar um sistema solar”. Hoje temos opções como leasing, assinatura e comunidades solares, que eliminam a barreira do investimento inicial.

Digitalização e controle inteligente: Com IoT e softwares de gestão, o consumidor pode monitorar e otimizar seu consumo de energia em tempo real.

Incentivos e regulação favorável: Apesar de algumas polêmicas recentes (falaremos disso nos desafios), a regulação brasileira tem favorecido o crescimento da GD.

A verdade é que estamos vivendo uma transformação: as pessoas estão deixando de ser apenas consumidoras de energia e passando a ser produtoras também. Esse conceito de “prosumidor” (produtor + consumidor) é uma das maiores revoluções do setor energético.

E o que o futuro reserva para esse mercado?


O que vem por aí? As tendências que vão moldar o futuro da energia solar

Se o crescimento da energia solar no Brasil já impressiona, o que vem pela frente promete transformar ainda mais o setor. Segundo o relatório do MIT Technology Review Brasil, algumas tendências vão definir o rumo da energia solar distribuída nos próximos anos.

O que podemos esperar? Vamos direto ao ponto:

📈 1. Crescimento ainda mais acelerado

O relatório prevê que a energia solar distribuída deve atingir 300 GW até 2030 e chegar a 240 milhões de residências no mundo até 2050. Ou seja, o mercado vai multiplicar de tamanho nos próximos anos.

E isso faz sentido: com a queda nos custos dos equipamentos e a necessidade global de descarbonização, a solar distribuída não é mais uma tendência futura, já é o presente.

🏡 2. A era dos “prosumidores” e da energia P2P

Se antes a energia elétrica era um setor dominado por grandes geradoras e distribuidoras, isso está mudando. Com a digitalização e a descentralização, estamos entrando na era dos prosumidores – consumidores que geram sua própria energia e podem até vender o excedente.

📌 Novos modelos que estão crescendo:

Leasing e assinatura de energia solar – No Brasil, empresas como Solfácil, GD Solar e Órigo estão popularizando esse modelo, eliminando a necessidade de um alto investimento inicial. Nos EUA, a Sunrun lidera esse movimento.

Comunidades solares, onde várias pessoas compartilham uma única usina.

Plataformas de energia P2P (peer-to-peer) – Esse modelo ainda não é possível no Brasil devido às regulações do setor elétrico, mas algumas iniciativas começam a surgir para viabilizar isso no futuro. No mundo, empresas como Power Ledger (Austrália) já fazem essa conexão direta entre produtores e consumidores de energia.

A energia está se tornando um mercado mais dinâmico e descentralizado.

🔋 3. O casamento entre energia solar e armazenamento

Um dos maiores desafios da energia solar sempre foi a intermitência – afinal, o sol não brilha 24h por dia. Mas isso está mudando com o avanço do armazenamento de energia.

As baterias de íon-lítio estão se tornando mais baratas e eficientes, e empresas como Tesla (Powerwall) e startups como Swell Energy já oferecem soluções acessíveis para consumidores armazenarem energia em casa.

Além disso, o armazenamento térmico também está entrando no jogo, especialmente para aplicações industriais.

A tendência? Em poucos anos, cada vez mais sistemas solares terão baterias integradas, garantindo estabilidade e autonomia energética.

💰 4. Inovação e novos investimentos chegando

Se você acha que só as grandes utilities de energia estão investindo em solar, pense de novo. O setor está sendo impulsionado por startups e venture capital, o que está acelerando a inovação.

📌 Startups e empresas que estão revolucionando o setor no Brasil e no mundo:

• Solfácil, GD Solar e Órigo (crescendo rápido no Brasil);

• Power Ledger (blockchain para energia solar distribuída, pioneira no P2P);

• Tesla (soluções de armazenamento e integração solar + baterias);

• Swell Energy (armazenamento inteligente e gestão de redes distribuídas).

Com um fluxo crescente de capital, o setor está cheio de oportunidades para novos negócios, tecnologias e modelos disruptivos.

🌍 5. Regulamentação e incentivo à energia limpa

O mundo está entrando numa corrida para a descarbonização, e a energia solar está no centro dessa agenda. Governos ao redor do planeta estão criando políticas de incentivo, e isso deve impulsionar ainda mais o setor.

Exemplo? A ReFuelEU Aviation Initiative, na União Europeia, está forçando o setor aéreo a usar energia mais limpa – algo que pode abrir espaço para ainda mais inovações no setor solar.

Mas, ao mesmo tempo, o cenário regulatório no Brasil ainda tem desafios – falaremos mais disso na próxima parte.

🔎 Resumo: o que esperar do futuro da energia solar?

Crescimento massivo da geração distribuída – a meta é 300 GW até 2030;

Energia cada vez mais descentralizada e digitalizada – prosumidores e P2P vão dominar o jogo;

Sistemas solares cada vez mais integrados a baterias e armazenamento;

Startups e venture capital impulsionando novas soluções e modelos de negócio;

Regulação pode ajudar – ou atrapalhar (e é aí que entramos nos desafios para 2025).

Agora que já vimos as oportunidades, vamos falar dos desafios que podem frear esse crescimento na próxima parte.


Os desafios que podem frear o crescimento da energia solar em 2025

A energia solar distribuída está crescendo rápido e já se consolidou como uma das principais fontes de energia no Brasil. Mas, como em qualquer setor que avança rápido, os desafios também surgem pelo caminho.

O ano de 2025 pode trazer algumas turbulências que podem afetar esse crescimento, e se tem algo que aprendemos no setor de energia é que a previsibilidade é tudo. Quanto mais soubermos sobre os riscos, melhor podemos nos preparar.

Aqui estão os três principais desafios que podem impactar o setor nos próximos meses:

A) Cenário Macroeconômico no Brasil

O ambiente econômico sempre influencia a velocidade dos investimentos em energia renovável, e 2025 traz alguns fatores que podem desacelerar o setor:

📌 1. Taxas de juros elevadas

• O custo do financiamento para projetos solares pode aumentar, tornando os investimentos mais caros tanto para consumidores quanto para empresas.

• Isso afeta desde grandes usinas solares até pequenos sistemas de geração distribuída.

📌 2. Risco de inflação e volatilidade do dólar

• A maior parte dos equipamentos solares é importada, e a oscilação do câmbio pode encarecer módulos fotovoltaicos, inversores e baterias.

• Se o dólar continuar instável, isso pode comprometer as projeções de retorno sobre investimento e desacelerar novos projetos.

B) Dependência da China e Tensões Comerciais Globais

Se existe um fator externo que pode impactar o mercado solar em 2025, é a situação da China no comércio global.

📌 1. A China domina a produção de equipamentos solares

• Mais de 80% dos módulos fotovoltaicos e boa parte dos inversores e baterias vêm da China.

• Qualquer restrição nas exportações ou aumento nas tarifas pode impactar os preços no mundo inteiro.

📌 2. Tensões comerciais e possíveis sanções

• A guerra comercial entre EUA e China pode afetar cadeias produtivas e criar uma reação em cascata.

• Se houver novas restrições de exportação para matérias-primas como silício e lítio, os custos dos equipamentos podem disparar.

C) Questões Tributárias e Regulatórias

Se tem algo que pode frear o crescimento da geração distribuída, é a incerteza tributária.

📌 1. Cobrança de ICMS sobre geração distribuída

• Alguns estados estão tentando alterar as regras de tributação na compensação de energia, gerando insegurança para consumidores e empresas do setor.

• Um exemplo recente foi Goiás, que no final de 2024 iniciou um movimento para taxar o ICMS da energia gerada em GD, o que gerou polêmica no mercado.

📌 2. Mudanças na regulamentação da compensação de energia

• Dependendo das decisões da ANEEL e de estados individuais, o modelo de compensação pode ser revisto, o que impactaria diretamente a viabilidade da GD.

O que esperar para 2025?

🔹 O mercado de energia solar ainda tem muito espaço para crescer, mas precisa ficar atento a esses desafios.

🔹 A macroeconomia pode trazer dificuldades, mas soluções financeiras inovadoras podem manter o setor aquecido.

🔹 A dependência da China continua sendo um fator crítico, mas novas tecnologias e players podem ajudar a mitigar riscos.

🔹 A regulação será um ponto de atenção: mudanças podem afetar a atratividade da GD, e o setor precisa se unir para garantir previsibilidade.

Agora que já falamos sobre desafios, vamos para a última parte: como tudo isso se conecta e o que podemos esperar do futuro da energia solar no Brasil e no mundo.


O futuro da energia solar está sendo escrito agora

Se tem uma coisa que ficou clara até aqui, é que a energia solar distribuída não é mais promessa, é realidade. O setor está crescendo rápido, e o Brasil já se consolidou como um dos principais mercados solares do mundo.

Mas o crescimento acelerado traz desafios. O cenário macroeconômico, a dependência da China e a insegurança regulatória podem colocar obstáculos no caminho.

📌 Se queremos um mercado ainda mais forte e competitivo, é preciso trabalhar para manter um ambiente regulatório estável.

📌 Se queremos mais inovação, o financiamento precisa continuar acessível e o setor deve seguir atraindo investimentos.

📌 Se queremos reduzir riscos no fornecimento de equipamentos, precisamos estar mais conectados ao mercado global, facilitar a importação de componentes e, ao mesmo tempo, incentivar uma produção local competitiva.

A boa notícia? As tendências estão a nosso favor. Novos modelos de negócio, como leasing, assinatura e comunidades solares, estão tornando a energia solar mais acessível. O avanço das baterias está resolvendo o problema da intermitência. E a digitalização está permitindo um controle cada vez maior do consumo e da geração de energia.

Ou seja, o futuro da energia solar é brilhante – mas precisa de estratégia, inovação e um setor bem estruturado para seguir crescendo.

Agora, a pergunta que fica é: estamos prontos para liderar essa revolução?

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