Em outubro de 2019, foi publicado pela Agência Internacional de Energia (IEA) o mais recente relatório sobre energias renováveis. Nele, a expectativa é alta para o crescimento da energia solar nos próximos 5 anos.
Portanto, hoje vamos analisar os dados divulgados no Renewables 2019, que também apontou alguns desafios a serem vencidos para que as energias renováveis se tornem maioria na matriz energética mundial.
Até 2024, o uso da energia renovável no mundo crescerá 50%
Este é um dados realmente promissor divulgado pela agência. Entre 2019 e 2024, haverá um aumento de 50% na capacidade total de energia renovável pelo mundo. Isso significa um aumento de 1,2 mil GW (gigawatts), o equivalente à atual capacidade total de energia dos EUA.
De acordo com o relatório, todo esse crescimento está sendo impulsionado por dois fatores:
- A redução de custos para a implementação de sistemas renováveis de energia (a estimativa é que os custos caiam de 15% a 35% até 2024);
- Adoção de políticas governamentais.
“As energias renováveis já são a segunda maior fonte de eletricidade do mundo, mas sua implantação ainda precisa acelerar, se queremos alcançar metas de longo prazo para o clima, a qualidade do ar e o acesso à energia”, afirmou Dr. Fatih Birol, diretor executivo da IEA, em matéria publicada no site da própria agência.
E o crescimento da energia solar dentro dessa estimativa é positivo: 60% desse aumento será realizado graças a ela. Ainda segundo o relatório, a geração distribuída representará quase a metade desse aumento pelo mundo até 2024.
Além disso, até essa data, cerca de 100 milhões de residências pelo mundo já terão telhados com energia solar, principalmente em países como Austrália, Bélgica, Holanda, Áustria e o estado da Califórnia (EUA), que serão, até 2024, os principais mercados per capita de energia solar.
Lembrando que, até o momento, aqui no Brasil já temos cerca de 83 mil telhados solares e o segundo maior parque solar do mundo será construído aqui.
Um fato interessante divulgado pelo relatório da IEA sobre o crescimento da energia solar é que, ao contrário do que se pensa, essa estimativa de aumento não se dá por conta do sistema fotovoltaico em residências, mas sim, pelo crescimento do uso em comércios e indústrias – 75% das novas instalações pelos próximos 5 anos será nesses estabelecimentos.
A justificativa, segundo a agência, se dá por conta de economias de escala combinadas com um melhor alinhamento da oferta de energia solar e da demanda de eletricidade pelo mundo, o que permite mais autoconsumo e maiores economias nas contas de energia desses setores.
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Desafios para o crescimento da energia solar
Apesar dos números promissores, o relatório da Agência Internacional de Energia destaca que o crescimento das energias renováveis pelo mundo (o que inclui o crescimento da energia solar), permanece abaixo do necessário para cumprir as metas globais de produção de energia sustentável.
Existem três desafios principais que precisam ser superados:
- Incerteza política e regulatória (como a atual discussão da Aneel em torno da geração distribuída aqui no Brasil);
- Altos riscos de investimento;
- Integração de sistemas de energia solar e energia eólica.
O relatório alerta que é importante que haja reformas de políticas e tarifas para garantir o crescimento da energia solar pela geração distribuída nos próximos anos. Sem um bom gerenciamento, os mercados de eletricidade podem ficar prejudicados, afastando investimentos e fazendo com que o consumidor final arque com o aumento de custos.
“O potencial da energia fotovoltaica distribuída é de tirar o fôlego, mas seu desenvolvimento precisa ser bem gerenciado para equilibrar os diferentes interesses dos proprietários de sistemas fotovoltaicos, outros consumidores e empresas de energia e distribuição”, afirmou Birol, diretor executivo da IEA.
O relatório conclui dizendo que se os desafios forem vencidos, a estimativa é que a capacidade global de geração distribuída instalada fique acima de 600 GW até 2024, quase o dobro da capacidade total de energia do Japão atualmente.
Diante de todos esses dados e expectativas, entenda quais serão os próximos passos da energia solar aqui no Brasil.