Quando conversamos sobre transição energética, não estamos falando apenas de trocar os combustíveis fósseis pelas fontes renováveis. Esse é um processo extenso, que começa sim pela adoção da energia limpa, mas que demanda muitas etapas seguintes. E um dos pré-requisitos para se iniciar este movimento é a segurança energética.
Para ilustrar este conceito, podemos pensar que, atualmente, quase 60% da matriz elétrica brasileira é de fontes hídricas. Por isso, em períodos de seca, por exemplo, os riscos de falta de energia aumentam, principalmente para suprir os picos de demanda. Nesses casos, usamos a energia térmica, muitas vezes com derivados de petróleo. Ou seja, ficamos reféns dos preços no mercado internacional.
A energia desempenha um papel fundamental na sociedade através da sua relação com a economia, política, tecnologia, meio ambiente e outros quadros sociais. Dessa forma, entendemos que a segurança energética é um tema muito específico para cada país, pois depende de inúmeras variáveis, internas e externas.
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Já é possível enxergar as transformações mundiais a favor de novos meios de produção e consumo sustentável de energia. Contudo, ainda precisamos amadurecer muitas estratégias de transição energética, assegurando maior eficiência dos seus sistemas de abastecimento.
Embora o plano de autossuficiência alivie algumas das preocupações mais recorrentes, o fato de muitas formas de energia permanecerem como commodities comercializadas significa que distúrbios externos continuarão a impactar a economia e sistemas globais, uma vez que esses ruídos conseguem impactar o preço da energia aqui no Brasil e em outras partes do mundo.
A fim de encontrar soluções eficientes para essa questão, precisamos, primeiramente, de conceituações objetivas.
Definições para segurança energética
Na bibliografia deste tema, encontramos diversas definições do conceito. Com o intuito de coordenar uma resposta robusta às interrupções no fornecimento de petróleo, a Agência Internacional de Energia (IEA), formada na década de 1970, definiu a segurança energética como a disponibilidade ininterrupta de fontes de energia a um preço acessível.
No artigo de Aleh Cherp e Jessica Jewell, The Three Perspectives on Energy Security, segurança energética é uma instância de segurança no geral. Ou seja, ela representa uma baixa vulnerabilidade dos sistemas de energia vital. No livro The Economics of Energy Security, a definição é, por sua vez, de insegurança energética. Ela representa a perda de bem-estar ocasionada pela mudança no preço ou disponibilidade de energia.
A definição mais interessante para nós é a de Christian Winzer, em seu artigo Conceptualizing Energy Security. No texto, o autor observa a segurança energética a partir da incorporação de um contexto.
Dessa forma, nos Estados Unidos, por exemplo, o foco tem sido, tradicionalmente, reduzir a vulnerabilidade do país em relação à extorsão política após as dificuldades econômicas oriundas do embargo do petróleo pela OPEP, na década de 1970. Formuladores estadunidenses de políticas nacionais apoiam fortemente os objetivos de independência energética do país e o aumento da participação das renováveis.
Indicadores de segurança energética
Já é possível avaliar, a partir de vários indicadores, os riscos à segurança energética que os países enfrentam, como essas situações têm mudado ao longo do tempo e de que forma ela é impactada pelas políticas energéticas desses países.
As estimativas desses indicadores são valiosas para a elaboração de estratégias nacionais de desenvolvimento econômico e social. Alguns deles são:
1- Reservas de energia: Referem-se à quantidade estimada de fontes de energia que existem com razoável certeza e que podem ser recuperadas com a tecnologia atualmente disponível a um custo economicamente viável.
2- Produção e consumo de energia: análise dos dados de produção e consumo de eletricidade, onde o potencial para produzir energia deve suprir a demanda energética. Vale lembrar que, para que a produção seja suficiente, é fundamental um armazenamento eficiente e redes elétricas inteligentes.
3- Balanças comerciais de energia: Em alguns momentos, os países costumam apresentar desequilíbrios na demanda e no fornecimento de energia, que são atendidos por meio de importações e exportações. O fato de um país ser importador ou exportador líquido de energia é indicado por sua balança comercial energética, que é calculada como a diferença entre as importações e exportações deste produto.
4- Preços de energia: o valor da energia é um indicador importante de segurança energética, pois incorpora informações sobre a escassez e a acessibilidade energética. Além disso, desempenha também um papel central nas decisões sobre investimentos em energia.
5- Diversidade de energia: as economias que dependem de um portfólio limitado de fontes de energia não renováveis são menos seguras, em termos de energia, em comparação com aquelas dotadas de uma abundância de recursos energéticos. Os sistemas de energia diversos são mais resistentes e adaptáveis a choques no fornecimento de energia.
6- Parcela de energias renováveis: os recursos energéticos renováveis são atrativos porque seu suprimento é ilimitado e inesgotável. Desse modo, ao contrário das fontes não renováveis, seu consumo hoje não reduz os fluxos disponíveis no futuro. Se desenvolvidos de forma adequada, eles podem substituir a energia não renovável e apoiar a transição energética.
Existem diversas estratégias que os países podem implementar individualmente, ou em conjunto, para melhorar a sua segurança energética. Utilizar as energias renováveis é uma ótima forma de começar a desenvolver um sistema energético mais seguro. Essa alternativa é bastante promissora, especialmente em regiões como o cerrado.
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