No mês de junho, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) lançou uma Norma Técnica para atualizar as estimativas de micro e minigeração distribuída para os anos de 2017 a 2024, ou seja, estimativas para pequenas centrais de geração de energia elétrica de até 5 MW (ou até 3 MW para energia hídrica).
Na Norma, foi considerada a eletricidade proveniente da produção de energia solar, eólica, biomassa, biogás, hídrica ou em cogeração qualificada, e os novos dados atualizam o levantamento realizado pela agência em 2015, quando foram realizadas audiências sobre a revisão da Resolução Normativa nº 482/2012.
A novidade que a Nota Técnica trouxe foi o uso de dados enviados diretamente das distribuidoras para a Aneel por meio de um sistema para o acompanhamento do número de consumidores que instalaram ou receberam créditos provenientes da produção de energia solar.
Mas, então, qual a projeção de energia solar da Aneel para os próximos anos?
Mudanças trazidas pela revisão da RN nº 482/2012
A RN nº 482/2012 já havia garantido o sistema de compensação para produtores de energia elétrica. Após a revisão, feita em 2015 pela Aneel, ela também estabeleceu medidas que simplificam e reduzem a burocracia, diminuindo o tempo do processo de registro.
A resolução também determina que os créditos de energia excedente possam ser transferidos para outras unidades consumidoras, desde que firmado um acordo antecipadamente. Além disso, foi autorizada a instalação de sistemas fotovoltaicos em condomínios, ou seja, de múltiplas unidades consumidoras, e também o Autoconsumo Remoto, permitindo que prédios urbanos fossem beneficiados pela produção de energia em regiões mais distantes e de alta irradiação solar.
Saiba mais sobre geração distribuída no post “Geração distribuída ou mercado livre de energia, qual a melhor opção? “
Dados da Aneel para mini e microgeração até maio de 2017
O levantamento constatou o aumento no número de consumidores com mini ou microgeração distribuída em 4,4 vezes entre 2015 e 2016, um aumento de 407% da potência instalada, como é mostrado na Figura 1.
Neste cenário, a produção de energia solar é destaque, uma vez que 99% dos geradores instalados até maio de 2017 é de fonte fotovoltaica.
Além disso, da potência total instalada para mini e microgeração distribuída, 70% é proveniente de energia solar, seguida pela energia eólica.
Sobre os consumidores, a norma técnica destaca que 79,5% dos que produzem a sua própria energia ou recebem créditos na categoria analisada são de origem residencial. Este dado pode ser constatado também pela faixa de potência dos equipamentos que, em sua maioria, são menores ou iguais a 5 KW. Já os consumidores de origem comercial representam 15%, enquanto o poder público é de 0,3% e o meio rural de 2,1%, demonstrando grande potencialidade de crescimento nesses setores.
Os estados com maior número de mini e microgeradores são Minas Gerais e São Paulo, seguidos pelo Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.
Por fim, apesar da atualização da RN nº 482/2012 sobre geração compartilhada, a maior parte da energia consumida ainda é voltada para a própria unidade consumidora (93,2%), sendo o consumo por compartilhamento ainda muito baixo.
A projeção de energia solar no país
A Nota Técnica da Aneel prevê que o número de consumidores residenciais que recebem os créditos de micro e minigeração distribuída saltaria dos atuais 23.794 para 808.357 até 2024, um aumento de quase 34 vezes. Já os consumidores comerciais devem aumentar de 3.040 para 78.343 até 2024. Em relação à potência instalada residencial, o aumento seria de 71 MW para 2425 MW, enquanto o comercial aumentaria de 30 MW para 783 MW.
Isso quer dizer que, ao todo, 886,7 mil unidades consumidoras devem receber esses créditos, somando 3,2 GW.
Uma das motivações para este aumento ainda seria o barateamento da tecnologia e o aumento das tarifas da conta de luz, que, segundo o documento, devem ficar em torno de 1,1% para consumidores de baixa tensão (consumidores que demandam pouca energia, ou seja, residenciais, comércios, meio rural e indústrias de pequeno porte) entre 2017 e 2024.
Ainda existe a possibilidades de aumento de consumidores em geração compartilhada e em condomínios que, atualmente, possuem pouca ou quase nenhuma representação, caso eles consigam encontrar mais facilmente nas linhas de financiamento e haja uma melhoria na situação econômica do país.
Quer saber mais sobre Geração Distribuída e produção de energia solar? Continue acompanhando o blog da Yellot e até a próxima.